"Maior valorização da terra reflorestada no Brasil estimula a restauração florestal".

Fonte da imagem: MORFO
Julho de 2023

As iniciativas em restauração de ecossistemas ajudam não apenas a sequestrar o dióxido de carbono da atmosfera, mas também a restaurar ecossistemas vitais. OInstituto de Ação Socioambiental (ASA) é uma organização brasileira que está na vanguarda dos esforços da restauração de ecossistemas. Em uma entrevista exclusiva apresentada no white paper da MORFO sobre O futuro dos créditos de carbono para o meio ambiente restauração de ecossistemasa presidente do ASA, Gabriela Viana, e a vice-presidente, Tatiana Horta, compartilham informações sobre a missão e as experiências de sua organização em restauração florestal ecológica e resiliente, trabalhando com partes interessadas locais e créditos de carbono para restauração de ecossistemas.

Você pode se apresentar?

Sou Gabriela Viana, cirurgiã veterinária com mestrado e especialização em gerenciamento de projetos. Sou presidente da ASA desde a sua fundação e fui a força motriz por trás do projeto Guapiaçu. Desde 2001, estou envolvida em vários projetos socioambientais, trabalhando com diversas organizações ambientais e programas de cooperação técnica internacional.

Meu nome é Tatiana Horta. Sou médica veterinária, bióloga e pós-graduada em gestão ambiental. Sou vice-presidente da ASA desde sua fundação e fui coordenadora operacional do projeto Guapiaçu em parceria com a Petrobras, como parte do Programa Petrobras Socioambiental.

Você poderia dar uma breve visão geral da ASA e dos projetos específicos que vocês realizaram para restaurar terras degradadas?

O Instituto de Ação Socioambiental (ASA) foi criado em 2014, ao mesmo tempo em que o projeto Guapiaçu, e nossa constituição foi desenvolvida de forma colaborativa. A equipe que concebeu o projeto Guapiaçu se organizou para crescer junto com o projeto, ganhando maturidade e força em um período de oito anos. Ao longo desse caminho, implementamos três fases do projeto Guapiaçu, ampliamos nossas ações, inovamos para oferecer mais atividades de educação ambiental, atraímos novos parceiros e aumentamos o compromisso da sociedade com a transformação da região.

Nossa missão é mobilizar a sociedade para promover a qualidade do meio ambiente para todos os seres vivos. Nossa visão é sermos reconhecidos por nosso engajamento contínuo com a sociedade para promover a qualidade do meio ambiente para todos os seres vivos. Nossos valores fundamentais são transparência, colaboração e impacto, garantindo visibilidade ao trabalho que realizamos, em termos de nossas ações, de nossa equipe e da gestão de recursos para promover o comprometimento com nossas causas. Acreditamos que a promoção da qualidade ambiental requer esforços colaborativos em diferentes áreas do conhecimento para alcançar resultados consistentes. Direcionamos todas as nossas ações para gerar um impacto na qualidade do meio ambiente e da sociedade.

Estou envolvido com o projeto Guapiaçu desde o seu início em 2013, quando a equipe da ASA começou a trabalhar na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), planejando, coordenando e executando o projeto Guapiaçu. No total, o projeto Guapiaçu restaurou 261 hectares, plantou 430.000 mudas e utilizou 313 espécies. Esses resultados foram alcançados em três fases: fase 1, de 2013 a 2015, que restaurou 100 hectares; fase 2, de 2017 a 2019, que restaurou 60 hectares; e fase 3, que restaurou mais 101 hectares entre 2020 e 2021. Hoje, o Instituto de Ação Socioambiental realiza atividades de restauração nos municípios de Cachoeiras de Macacu e Magé, RJ.

Você pode explicar como suas iniciativas restauração de ecossistemas contribuem para a restauração de longo prazo dos ecossistemas florestais?

Nossas atividades de restauração florestal visam restabelecer áreas desprovidas de vegetação nativa ou estagnadas no processo de sucessão ecológica. Esses fatores de degradação ambiental resultam de atividades agrícolas e pecuárias realizadas sem medidas de preservação do solo, da água e da biota local. A degradação também pode ser resultado da ocupação humana, do uso inadequado de maquinário e de fatores naturais, entre outros. A restauração dessas áreas degradadas nos permite reviver as interações ecológicas e alcançar a restauração de longo prazo dos ecossistemas florestais. Nosso objetivo é restaurar áreas privadas de propriedade de terceiros e, ao fazê-lo, acreditamos que a mobilização de proprietários rurais para a entrega de áreas degradadas envolve novas partes interessadas. Esse processo exige coordenação local e tempo, mas o envolvimento dos proprietários de terras na escolha das áreas e das espécies estimula um maior comprometimento. Além disso, nos concentramos nos serviços de ecossistema que serão restaurados por meio da restauração ecológica.

Algum de seus programas de compensação em restauração de ecossistemas era elegível para créditos de carbono?

A primeira fase do projeto Guapiaçu, de 2013 a 2015, obteve a certificação de carbono da Alliance for Climate, Community and Biodiversity, validando a remoção do equivalente a pelo menos 49.680 toneladas métricas de CO2 da atmosfera ao longo de 30 anos, a partir de 2015.

Qual seria o impacto de um preço mais alto (ou mais baixo) para os créditos de carbono em sua organização?

Um preço mais alto para os créditos de carbono tem um impacto significativo porque se torna um incentivo atraente para mobilizar os proprietários rurais. Quando restauramos áreas de propriedade de terceiros, investimos um tempo considerável na mobilização desses proprietários para que disponibilizem suas terras para restauração. Em muitos casos, o preço cai quando eles consideram os possíveis retornos que poderiam obter com o uso da terra para fins agrícolas, por exemplo. Se o preço dos créditos de carbono for favorável, o processo de convencê-los se torna mais fácil.

Qual é o impacto de um preço mais alto (ou mais baixo) sobre as terras reflorestadas no Brasil?

Um preço mais alto para terras reflorestadas no Brasil tem um impacto positivo em todo o processo de restauração florestal, pois facilita a mobilização dos proprietários rurais. Por outro lado, se o preço dos créditos de carbono cair, haverá mais resistência em disponibilizar terras, pois os proprietários poderão considerar investir em atividades mais lucrativas. É importante observar que as florestas atualmente têm um valor reduzido no mercado, pois são consideradas impróprias para a produção. A Mata Atlântica é protegida por legislação, como o Código Florestal, que designa áreas de proteção permanente. Como resultado, há uma percepção de que essas áreas têm pouco valor econômico. A remuneração por serviços ambientais ainda não é uma realidade em nossa região.

Qual é a sua opinião geral sobre o sistema de compensação de carbono em relação aos esforços do site restauração de ecossistemas ?

Acreditamos que ainda falta um modelo econômico realista que possa ser apresentado aos proprietários rurais para convencê-los a investir na restauração.

Quais medidas ou sistemas estão em vigor para monitorar e verificar o impacto de seus esforços de restauração?

Os projetos de restauração florestal no Estado do Rio de Janeiro são monitorados de acordo com a Resolução 143/2017.

Que medidas estão sendo tomadas para garantir que os projetos respeitem os direitos e o conhecimento das comunidades indígenas?

Trabalhamos diretamente com as comunidades locais, não apenas por meio de atividades de educação ambiental em todas as escolas do município por meio do Programa de Educação Integrada, mas também por meio de eventos de pesquisa e engajamento social como parte do Programa de Monitoramento da Biodiversidade. Como parte disso, exploramos as oportunidades e os benefícios da restauração da vida selvagem com a comunidade e, em eventos de engajamento, fornecemos informações sobre biodiversidade. Além disso, os projetos que realizamos contribuem para a criação de empregos e geração de renda nas comunidades locais.

Editora-chefe e gerente de conteúdo
Lorie Louque
- Paris, França
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